ENTREVISTA - Eta.Baco.Danado
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ENTREVISTA - Eta.Baco.Danado





Oi, meninas. Tudo bem com vocês?

Olá, Dani. Tudo bem, querida.

Vocês já se conheciam? Como começaram a trabalhar juntas nesse projeto? Querem se apresentar?

Somos companheiras, nos conhecemos em São Paulo mesmo e hoje moramos juntas. A gente vendia o tabaco natural como alternativa ao cigarro. Já tínhamos o EtaBacoDanado. Então tivemos a intuição de começar a fazer o kumbayá como alternativa também ao tabaco. Depois que a gente começou a fazer o kumbayá e entrar em contato com as plantas, a gente tomou mais consciência do gesto que nosso trabalho propõe. Passamos a entrar mais em relação com o trabalho e suas reverberações: conhecemos melhor as plantas, as texturas e aromas; ritualizamos para preparar; intuímos as proporções da mistura. Tem que ter um respeito com as plantas e cuidado com a energia que colocamos no preparo já que muitas pessoas vão ser afetadas por esse momento.

A Mercedes trabalha como professora e artesã, e a Mayara trabalha com arte.

A gente brisas (rs) desde astrologia, alquimia, teatro, massagem, dança, música. Tudo gira em torno do conectar mesmo, os lados todos da vida e dos desejos vitais.

Eu, particularmente, nunca tinha ouvido falar de kumbayá. Conheci por meio de vocês. E vocês? Como o conheceram?

Mayara conheceu em São Jorge em Goiás. Mercedes não lembra, mas já tinha fumado.

O kumbayá tem uma história? Vocês a conhecem e  poderiam contá-la aos leitores do blog Mulher Verde?

A gente conhecia como kumbayá ,mas não sabia de onde vinha o nome. Pesquisando, achamos que o nome vem de uma mistura de línguas africanas com o inglês, que chegou no Gullah, uma língua falada na América Central.

Lemos que é como se fosse “come by here” – “kum bay ya” – venha aqui. Tem uma música popular que se chama “kumbaya, my lord”, cantada ao redor da fogueira e em encontros espirituais, falando de harmonia e unidade espiritual. Parece que é bem famosa em Angola também. Acho que daí deve ter se espalhado o nome que acabou sendo associado ao fumo.

Sabem se há alguma especificidade nas ervas utilizadas no kumbayá? Quero dizer, o motivo pelo qual essas ervas são usadas...

As plantas têm muita afinidade com o nosso corpo. Pensamos que acontece um encontro das energias sutis. Por isso sentimos seus efeitos, relaxantes, estimulantes... Cada planta tem seu campo energético e é regida por princípios próprios, sua relação com o sol, a lua, a água, a terra. E isso nos influencia.

A calêndula por exemplo é uma planta que acompanha o movimento do sol, por isso traz essa energia.

A metáfora toda mora dentro da gente. Essas ervas são escolhidas intuitivamente, pelos seus símbolos, aromas, cores, a sobreposição dos gostos.

Por que há versão com e sem tabaco?

O tabaco é uma planta bem forte e masculina. O kumbayá sem tabaco é bastante feminino. Cada um escolhe a alquimia da proporção que quer dessas energias.

Muitas pessoas dizem que o kumbayá é para quem está querendo parar de fumar. Por que ele é tão bom para pessoas que querem se livrar desse vício?

Acho que o kumbayá propõe outra relação com o fumar. Pede uma ritualização mínima: parar um pouco, olhar as ervas, enrolar. Por isso começa a transformar a relação que se tem com o fumar, com o cheiro e naturalmente afasta do cigarro.

Vocês acham que o kumbayá é somente para quem quer parar de fumar? Ou também pode ser usado recreativamente? E espiritualmente?

Bem, isso vai da intenção que se coloca no fumar, da consciência da pessoa, do processo dela.

Falando nisso, vocês têm alguma orientação espiritual?

Difícil responder essa pergunta. Religiões poéticas, prática diária, cuidado e leituras. Vem isso em mente.



Vocês têm um site para que as pessoas tenham acesso ao kumbayá de vocês? Ou só pelo Facebook?
Ainda não temos, por enquanto só pela página do EtaBacoDanado.

Conheci vocês pelo grupo “Compro de quem faz das minas”, no Facebook. Para vocês, qual é a importância de grupos como esses?

É bem legal ver que é possível mobilizar uma rede que fortalece e incentiva tantos trabalhos autônomos.

Algum recado que queiram mandar para leitores e leitoras do blog ou querem falar de algum assunto que eu não tenha abordado?

Gostaria de falar que o princípio de tudo isso, pra além do comércio, é maior. O retorno é muito imaterial, de entrar em contato com as plantas. No chá, no fumo, no banho. Tem muito a ver com a gente ter ampliado a nossa relação com as ervas no dia a dia. Em outro momento, começamos essa pesquisa com as plantas e a poética. Um resumo de todo esse processo foi O Reino do Preto Solar. Aprendemos a fazer terrários, cosméticos naturais, brincamos com imagens, encontros e um filme. A relação que a gente tem desenvolvido com o kumbayá é a mesma: viver a afinidade do corpo com as plantas.

Bom, eu adorei ter feito a entrevista com as meninas. E o kumbayá delas é realmente maravilhoso!

Agora, a novidade: depois de ter conhecido um pouco do trabalho da Mercedes e da Mayara, a partir da semana que vem vocês vão conferir, aqui no blog, posts especiais com as ervas contidas no kumbayá: sálvia, damiana, camomila, jasmim, calêndula e tabaco. Aguardem e confiram!






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